Coletiva de imprensa ainda vale a pena?

Coletiva de imprensa ainda vale a pena?

Em um mundo onde uma simples postagem no Instagram pode alcançar milhões de pessoas em segundos, muitos executivos se perguntam se ainda faz sentido reunir jornalistas em uma sala para anunciar novidades da empresa. A resposta é surpreendentemente clara: sim, e talvez mais do que nunca.

A coletiva de imprensa tradicional não morreu. Ela evoluiu. E nessa evolução, descobriu-se algo fundamental sobre a natureza humana da comunicação: nada substitui o olho no olho, a pergunta inesperada, o momento de tensão que revela a verdadeira personalidade de uma marca.

Quando o CEO da Tesla, Elon Musk, apresenta um novo modelo, ele não se limita a um comunicado de imprensa. Ele cria um evento. Os jornalistas fazem perguntas diretas, capturam reações espontâneas, observam linguagem corporal. Essa riqueza de informações simplesmente não existe em um press release, por mais bem elaborado que seja.

O valor da interação humana

A magia da coletiva de imprensa reside na imprevisibilidade. É impossível controlar completamente a narrativa quando jornalistas experientes estão fazendo perguntas em tempo real. E essa é exatamente a força do formato.

Quando uma empresa enfrenta uma crise, um comunicado oficial pode soar frio e calculado. Mas ver o porta-voz respondendo com transparência, demonstrando conhecimento técnico e assumindo responsabilidades cria uma conexão emocional que nenhuma tecnologia consegue replicar.

A credibilidade se constrói através de gestos, pausas, a forma como alguém responde quando pressionado. Esses elementos sutis da comunicação humana são captados pelos jornalistas e transmitidos ao público de forma muito mais rica do que qualquer texto poderia fazer.

Os repórteres também valorizam o acesso direto. Eles podem fazer follow-ups, explorar ângulos específicos, buscar declarações exclusivas. Essa dinâmica beneficia tanto a imprensa quanto a empresa, criando um relacionamento mais sólido e duradouro.

Adaptação aos novos tempos

A coletiva moderna não é mais apenas presencial. O formato híbrido se tornou padrão, permitindo participação tanto física quanto virtual. Isso amplia o alcance sem perder a essência do encontro direto.

As empresas inteligentes aproveitam esse momento para criar conteúdo multiplataforma. A mesma coletiva gera material para redes sociais, podcasts, vídeos para YouTube e, claro, matérias tradicionais. É um investimento que se multiplica em diversos canais.

A tecnologia também permite transmissões ao vivo, aumentando a transparência e permitindo que stakeholders acompanhem os anúncios em tempo real. Isso cria uma sensação de inclusão e proximidade que fortalece o relacionamento com diferentes públicos.

Algumas empresas inovaram criando coletivas temáticas, focadas em nichos específicos. Uma startup de tecnologia pode fazer uma coletiva só para jornalistas especializados em inovação, enquanto uma multinacional pode organizar eventos separados para imprensa econômica e veículos de sustentabilidade.

O Momento certo para convocar a imprensa

Nem todo anúncio merece uma coletiva. O formato funciona melhor para marcos significativos: lançamentos revolucionários, mudanças estratégicas importantes, respostas a crises ou celebração de conquistas relevantes.

A coletiva também é fundamental quando a empresa precisa explicar algo complexo. Questões técnicas, mudanças regulatórias ou estratégias de longo prazo se beneficiam da possibilidade de esclarecimentos imediatos e exemplificações práticas.

Timing é crucial. Uma coletiva bem planejada pode dominar o ciclo de notícias por dias, gerando desdobramentos e análises que mantêm a empresa em evidência de forma positiva.

O segredo está em entender que a coletiva não é apenas sobre transmitir informações. É sobre criar um momento, estabelecer um marco, demonstrar liderança. É sobre mostrar que a empresa tem confiança suficiente em suas decisões para submetê-las ao escrutínio público.

A coletiva de imprensa permanece relevante porque atende a uma necessidade humana fundamental: a conexão autêntica. Em uma era de fake news e comunicação superficial, ela oferece profundidade, transparência e a oportunidade de construir relacionamentos genuínos.

Empresas que abandonaram completamente esse formato podem estar perdendo uma ferramenta poderosa de construção de credibilidade. A questão não é se a coletiva ainda vale a pena, mas como adaptá-la para maximizar seu impacto no cenário atual.

O futuro da comunicação corporativa não é digital versus presencial. É sobre encontrar o equilíbrio perfeito entre ambos, usando cada ferramenta no momento certo, para o público certo, com a mensagem certa.